terça-feira, 30 de março de 2010

Organizações cobram efetivação de políticas de moradia do Governo

Tatiana Félix
Do Adital
Desde o dia 26 de março, uma série de ocupações, protestos e atividades vêm ocorrendo em 14 estados brasileiros dentro da proposta da campanha "Minha Casa, Minha Luta", organizada pela Frente Nacional de Resistência Urbana (FNRU). A ação faz referência direta ao programa do Governo Federal "Minha Casa, Minha Vida".
O objetivo é denunciar o "descaso com que tratam o povo pobre, trabalhador e explorado do país, que necessita de moradia, como também o fracasso de políticas como o Programa Minha Casa, Minha Vida do Governo Lula", relata o manifesto da Jornada Nacional de Lutas, divulgado pela Frente.

De acordo com Lacerda Santos, coordenador da Frente Nacional, em cinco estados brasileiros houve ocupações e em outros, os militantes fizeram caminhadas para reivindicar que o programa do Governo atenda às famílias que vivem com renda mensal de até 3 salários mínimos. "Até agora a proposta não saiu do papel", disse.

Segundo o movimento, o "Minha Casa, Minha Vida" não foi criado para atender às necessidades da classe trabalhadora, mas sim para socorrer a indústria da construção civil e setores do capital, abatidos pela crise mundial do capitalismo em 2008.

Como parte das ações da campanha "Minha Casa, Minha Luta", em Minas Gerais, cerca de 200 famílias ocuparam uma área de 15 mil metros quadrados, na região Vale do Jatobá, em Belo Horizonte. A ocupação foi batizada de ‘Irmã Dorothy’, com base na luta da missionária estadunidense, assassinada no Pará em 2005. "Batizamos com o nome dela por que ela foi uma pessoa que lutou pelo povo. Nós lutamos por uma melhor condição de vida para a população também", esclareceu Lacerda.

Segundo ele, foram oito horas de resistência à Polícia Militar mineira dentro da Ocupação Irmã Dorothy. "Nós resistimos à tentativa de retiradas das famílias", afirmou. Disse ainda que as famílias construíram barracas de lona para servirem de abrigo no local.

A empresa Asa Incorporadora se apresentou como proprietária da área e declarou que vai entrar na justiça para pedir a reintegração de posse do terreno. De acordo com Lacerda, as famílias permanecerão no local até decisão da justiça e, caso haja sentença favorável à incorporadora, a Frente Nacional vai continuar sua luta e cobrar as autoridades para a solução de um problema, que segundo Lacerda, é de ordem social.

No manifesto, a Frente Nacional declara que "não tem qualquer ilusão de que o Programa Minha Casa, Minha Vida venha, de fato, ser revertido em proveitos dos explorados, ainda mais quando se tem, neste momento, provas concretas de que os maiores beneficiados são os capitalistas e não os trabalhadores e desempregados".

Frente Nacional
A Frente Nacional de Resistência Urbana reúne organizações e movimentos populares de vários estados brasileiros com o objetivo de discutir, decidir e encaminhar as lutas pelas demandas e reivindicações do povo que vive nas cidades e que sofre com a falta de saneamento, transporte público, moradia, entre outros. O movimento critica a ausência de uma reforma popular urbana no país, que permita às famílias de baixa renda ter acesso à moradia.

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